Os coreógrafos e performers portugueses Sofia Dias e Vítor Roriz desenvolvem uma linguagem coreográfica que inclui texto e voz, criando espetáculos, performances, podcasts e instalações. Para Uma conspiração animista, a dupla compõe uma peça sonora e coreográfica para auscultadores que guia simultaneamente dois grupos de espectadores pela floresta, numa espécie de pas de deux, um ritual surrealista, entre instruções e devaneios. Uma meditação pessoal e uma experiência coletiva que questiona a nossa relação com o meio envolvente.

​

​

(ENG) Portuguese choreographers and performers Sofia Dias and Vítor Roriz develop a choreographic language that includes text and voice, creating shows, performances, podcasts, and installations. For An animistic conspiracy, the duo composes a sound and choreographic piece for headphones that simultaneously guides two groups of audience members through the forest, in a kind of pas de deux, a surrealist ritual, between instructions and reveries. A personal meditation and collective experience that questions our relationship to our surroundings.

​

​

(FR) Sofia Dias et Vítor Roriz, chorégraphes et performeur·se·s portugais·e·s, développent un langage chorégraphique qui inclut le texte et la voix et créent aussi bien des spectacles, des performances, des podcasts que des installations... Pour Une conspiration animiste, le duo compose une pièce sonore et chorégraphique pour casques audio qui guide simultanément dans la forêt deux groupes de public, dans une sorte de pas de deux, de rituel surréaliste, entre instructions et rêveries. Une méditation personnelle et expérience collective qui interroge notre relation à ce qui nous entoure.

​

​​

​

Excerto de entrevista para a peça em Paisagens Partilhadas com Sofia Dias e Vítor Roriz Por Malika Baaziz, Festival de Avignon, 2023 ​

As vossas criações combinam linguagem, sons e corpos em movimento, criando uma geometria espacial e um universo sonoro únicos. Como é que estes elementos se enquadram no ambiente natural de Paisagens Partilhadas?

Sofia Dias e Vitor Roriz: Existe uma complexa rede de acontecimentos não humanos a acontecer à nossa volta que são indistinguíveis porque somos incapazes de os reconhecer ou de os nomear. Algumas das questões levantadas neste audioguia estão ligadas a este tipo de ignorância que nos afasta e isola do resto dos elementos que compõem e habitam a paisagem, sejam eles animais, vegetais ou minerais. Aqui substituímos a diversidade e a complexidade dos sons da paisagem natural pela monotonia das nossas duas vozes humanas usando auscultadores. As vozes transportam-nos para longe de um lugar ao mesmo tempo que convidam a uma espécie de imersão no som, que pode modificar o nosso estado de presença e oferecer-nos outra forma de percepcionar o ambiente. Tentámos assim simular uma errância do pensamento que acompanha a errância dos corpos na paisagem, sob a forma de um diálogo interior e íntimo das nossas vozes com cada ouvinte.

​​

​

​

(ENG) Excerpt from an interview for the piece in Shared Landscapes with Sofia Dias and Vítor Roriz By Malika Baaziz, Avignon Festival, 2023

Your creations combine language, sounds, and moving bodies, creating a unique spatial geometry and soundscape. How do these elements fit with the natural environment of Shared Landscapes?

Sofia Dias and Vitor Roriz: There is a complex network of non-human events occurring around us that are indiscernible because we are unable to recognize or name them. Some of the issues raised in this audio guide are related to this type of ignorance, which alienates and isolates us from the rest of the elements that compose and inhabit the landscape, whether animal, plant, or mineral. Here, we replace the diversity and complexity of the sounds of the natural landscape with the monotony of our two human voices through headphones. These take us away from a place while inviting a kind of immersion in sound, which can modify our state of presence and offer us another way of perceiving the environment. We thus attempt to simulate a wandering of thought that accompanies the wandering of bodies in the landscape, in the form of an interior and intimate dialogue of our voices with each listener.

​​

​

​

(FR) Extrait d’entretien pour la pièce dans Paysages Partagés avec Sofia Dias et Vítor Roriz

Par Malika Baaziz, Festival d’Avignon, 2023​

Vos créations mêlent langage, sons et corps en mouvement, créant une géométrie de l’espace et un univers sonore singuliers. Comment ces éléments s’accordent-ils à l’environnement naturel de Paysages Partagés ?

Sofia Dias et Vitor Roriz : Il existe un réseau complexe d’événements non humains se produisant autour de nous qui sont indiscernables parce que nous sommes incapables de les reconnaître ou les nommer. Certaines questions évoquées dans cet audioguide sont liées à ce type d’ignorance qui nous aliène et nous isole du reste des éléments qui composent et habitent le paysage, qu’ils soient animaux, végétaux ou minéraux. Nous remplaçons ici la diversité et la complexité des sons du paysage naturel par la monotonie de nos deux voix humaines à l’aide d’écouteurs. Ces derniers nous éloignent d’un lieu tout en invitant à une sorte d’immersion dans le son, ce qui peut modifier notre état de présence et nous offrir une autre façon de percevoir l’environnement. Nous tentons ainsi de simuler une errance de la pensée qui accompagne l’errance des corps dans le paysage, sous la forme d’un dialogue intérieur et intime de nos voix avec chaque auditeur.

​​

​​

​​​​